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quinta-feira, 30 de junho de 2011

PROGRAME-SE EM DF




 Se você gosta de cinema e música, não pode perder o Cine-Concertos que está rolando em Brasília desde o dia 28 de junho. A mostra cultura é inédita no país e foi criada por músicos profissionais que souberam unir o diálogo entre som e imagem. A curadoria do projeto é de Jean Bourdin e Sérgio Moriconi, e tem o apoio da Aliança Francesa, em Brasília, e da Embaixada da França no Brasil.

Atuando sobre cenas filmadas já há quase um século, mas com um olhar contemporâneo os organizadores prometem juntar clássicos do cinema com trilha sonora executada ao vivo e ao ar livre até o dia 3 de julho no Centro Cultural do Banco do Brasil.  A idéia é oferecer ao público de todas as faixas etárias, momentos emocionantes sem pagar nada. 

A música surgiu no cinema antes das falas e sons, quando o piano e posteriormente as orquestras davam sonoridade às projeções de películas. O marco inicial data de 1927, com o longa-metragem O Cantor de Jazz, de Alan Crosland, primeiro filme a ter falas e música.

Inspirado neste movimento seminal, os grupos Le Workshop de Lyon e Baron Samedi, integrante da companhia ARFI (Association a La Recherche d’un Folklore Imaginaire), se reuniram para dar sonoridade peculiar à clássicos da sétima arte. Os franceses dão uma nova cara ao cinema mudo, ao propor uma sinestesia experimental que conduz espectadores a atmosferas especiais, que potencializam o roteiro original.

A ARFI, cuja sede fica em Lyon, possui quinze grupos de músicos profissionais franceses. Eles criaram o Cine-Concertos em 1987 e viram o projeto crescer em grande escala. Quando compuseram uma trilha para o clássico O Encouraçado Potemkin, de Serguei Eisenstein, receberam diversos convites e totalizaram mais de cem apresentações em toda a Europa.

A abertura em Brasília aconteceu na terça (28 de junho) às 21 horas, com a apresentação de arranjos especialmente criado para o filme Le Clown, que consagra o talento de Harry Langdon, um dos primeiros e mais consagrados palhaços da história.

O Cine-Concertos ainda prevê uma trilha de jazz para o filme Nanook, o esquimó. Outra exibição imperdível trata das pequenas histórias de Koko, palhaço criado pelos irmãos Fleischer na década de 1920. O público poderá assistir a nove filmes animados pelo personagem e concebidos entre 1919 e 1928.

O documentário Chang é um sensível e belo registro da vida de um pequeno elefante nascido na selva tailandesa, produzido em 1927 por Meriam C. Cooper e Ersnest Schoedsack. A compilação Cinerir’arfi traz um conjunto de curtas-metragens que reúne grandes mestres da comédia no cinema, como Buster Keaton, Charlie Chaplin e Laurel & Hardy.

Quinta, 30/06
20h00 – Nanouk (70 min)

Sexta, 01/07
18h30 – Koko Le Clown (60 min)
20h00 – Cinérir (70min)


Sábado, 02/07
18h00 – Cinésclaff (70 min)
19h30 – Nanouk (70 min)


Domingo, 03/07
18h00 – Koko Le Clown (60 min)
19h20 – Chang (70 min)


SINOPSES:

CHANG (70’)
Filme mudo de 1927, dirigido por Meriam C. Cooper e B. Shoedsack após três anos de filmagem na selva da Tailândia. Mostra a vida de camponeses que vivem em uma cabana sobre palafitas no meio da floresta, rodeados por animais selvagens. Neste ambiente, onde a vida é uma luta incessante pela sobrevivência e onde a violência cega convive intimamente com a extrema fragilidade e a extrema delicadeza, surge no meio da aldeia um bebê elefante Chang. Ele foi capturado pela família Kru, mas a mamãe logo vem para resgatá-lo acompanhada por uma manada de elefantes…

A música de percussão, o uso de voz ou de efeitos sonoros conseguem preservar a intenção original dos autores da riqueza e da frescura do projeto, quebrando as distâncias geográficas e históricas. O espetáculo pode interessar público de todas as idades, especialmente as crianças, por mostrar o testemunho autêntico do homem como espécie num ambiente que ele precisa partilhar com outros animais, familiares ou hostis.


Direção: Meriam C. Cooper e Ersnest B. Schoedsack (EUA), 1927
Músicos: Michel Boiton e Christian Rollet - percussão
Jean-Luc Peilhon – clarinetas e harmônica
Bernard Gousset – som


CINERIR’ARFI: sobre curtas-metragens de Buster Keaton, Charlie Chaplin, Laurel e Hardy (70’)

De Eisenstein, Tod Browning, Tarzan, Luiz Buñuel, ARFI adora flertar com o cinema mudo. Desta vez, o grupo escolheu os célebres curtas-metragens da idade de ouro do cinema burlesco. A paleta sonora de Le Workshop de Lyon vai ilustrar um concerto de cinema de humor, com o programa:

Malec Forgeron (The Blacksmith/Ferraduras Modernas), de Buster Keaton (1922) – Buster e um ferreiro brigam muito, até que o outro é levado para a cadeia. Buster, então, tem que ajudar vários clientes com seus cavalos e arrumar um carro, estacionado ao lado de um Rolls Royce!

Charlot boxeur (The Champion/O Campeão de Boxe), de Charles Chaplin (1915) – Para fazer um pouco de dinheiro, um vagabundo entra numa sala de treinamento de boxe para aceitar o emprego de sparing de um campeão. Ao ritmo do campeão que esgota os seus parceiros, o vagabundo logo vem a lamentar a sua audácia.

Voisin-voisine (The Neighbors de Buster Keaton (1921) - A história de Romeu e Julieta transferida para um cortiço, com Buster e uma de suas companheiras favoritas, Virgínia Fox, como dois namorados, cujas famílias se odeiam.

Oeil pour oeil (Big Business/Negócio de Arromba), de Laurel et Hardy (1929) – Vender árvores de Natal em pleno mês de agosto! Stan e Oliver tentam esta operação: escalada e avalanche de piadas!


Músicos: Jean-Paul Autin – saxophones alto e sopranino, clarinet baixa
Jean Bolcato - contrabaixo
Christian Rollet - bateria
Jean Aussanaire - saxofone
Thierry Cousin – som


CINESCLAFF’ARFI: Harry Langdon não é perigoso
Homenagem a um dos grandes nomes do pastelão do cinema mudo, um comediante contemporâneo de Charles Chaplin e Keaton: o grande Harry Langdon (1884-1944).

O rosto branco, o andar largado, olhos arregalados, como os de uma criança inocente na compreensão do mundo e das pessoas que nele vivem. Estas eram características do personagem que Harry Langdon imortalizou no cinema. Quando teve como diretores Arthur Ripley e Frank Capra, estrelou trabalhos que rivalizavam com Charlie Chaplin, Harold Lloyd e Buster Keaton. Seus melhores filmes foram O Homem Forte (1926),Vagabundo, Vagabundo, Vagabundo (1926) e Long Pants (1927). Comediante de primeira classe, seu personagem era único. Ele enfrenta a brutalidade, a ganância, a sedução como um pacifista veterano, um sábio maduro, ciente de seu direito. No entanto, ele é o contrário disso: um bebê grande que usa calças compridas. Diante do mundo, ele oferece sua bondade e gentileza desarmadas. Jamais se excede nos gestos, nas intenções: tudo é ao mesmo tempo desordem, espanto, confusão… até o delírio.


Músicos: Guy Villerd - saxofones
Christian Rollet - bateria
Eric Brochard - contrabaixo
Thierry Cousin – som


KOKO LE CLOWN: Cine-concerto sobre os filmes dos Irmãos Fleisher (60’)
Os Irmãos Max e Dave Fleischer são os criadores de Popeye, Betty Boop, Super-Homem e uns dos primeiros astros da animação. Antes mesmo do Gato Félix, o personagem Koko o Palhaço era muito popular no início dos anos 1920. Os Irmãos Fleisher praticaram o surrealismo sem nem mesmo conhecer a palavra, atuando a milhares de quilômetros de Paris. A animação lhes permitiu caminhar por toda sorte de anarquia burlesca, onde a magia toca o sonho e onde o absurdo é companheiro da comédia. Rever Koko hoje é constatar a extraordinária liberdade que marcou a arte dos dois irmãos na animação e no cartoon. Combinando música acústica e eletrônica, Jean Bolcato e Guy Villerd propõem, em uma hora de filmes, as pequenas histórias musicadas, entremeadas de canções e textos e, por que não, como convidada especial uma pequena aparição da Miss Betty Boop!


Músicos: Guy Villerd - saxofone tenor, laptop
Jean Bolcato - contrabaixo, voz
Thierry Cousin - som


NANOUK L’ESQUIMAU – Sobre o documentário de Robert Flaherty (1922), com o grupo Baron Samedi (70’)

O filme mostra o cotidiano de uma família de esquimós que vive na baía de Hudson. A luta pela sobrevivência, os deslocamentos constantes, a pesca, a caça às focas, o espectador compartilha a vida desta família do norte canadense. Este filme, que marca o nascimento do cinema documentário, teve um destino particular: foi filmado duas vezes (os 10 mil metros de película queimaram depois de algumas projeções) e teve que esperar dez anos antes de conhecer o sucesso. Muita coisa já foi escrita sobre o filme: ele deu início ao debate fundamental e teórico sobre a diferença entre documentário e filme de ficção, o primeiro devendo excluir toda forma de encenação…

Os músicos se colocaram questões similares, dentro do objetivo de criar uma relação entre som e imagem: como trabalhar respeitando cada fotograma, sem fazer manipulações sonoras emocionais e, ao mesmo tempo, aumentar o acesso à obra por um público atual, acostumado a filmes coloridos e com diálogos. Em NANOUK, a poesia e a beleza das paisagens são intensas. A verdadeira realidade é apresentada como aquilo que nos esmaga e nos mantém em suspense nesta aventura humana, a -50°.

Músicos: Michel Boiton – percussão, guimberé, hangs
Christian Rollet - percussão
Jean-Luc Peilhon – clarinetas, harmônica, flautas, harpas, arco polifônico
Bernard Gousset – som


Serviço:
Cine-Concertos
Data: 28 de junho a 3 de julho de 2011
Local: Centro Cultural do Banco do Brasil (Setor de Clubes Sul, Trecho 2, Lote 22)
Horários: Ver programação
Entrada Franca
Informações: 3310-7087
Classificação Indicativa: Livre.

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